terça-feira, 12 de novembro de 2013

“Refazer a vida”. Será isso voltar à estaca zero?

Já o aqui disse. Não serei a única a sentir a vida e os anos gloriosos da juventude a fugir por entre os dedos. Depois da euforia e da rapidez com que vivemos as grandes alterações da nossa vida nos vinte, a estagnação e o sentimento de pré-reforma para a vida dos trinta, chega num ápice.

Eu acabo de acordar para essa realidade.

Um casamento, que deixou de ser casamento há muito para passar a ser uma relação de quase desconhecidos, uma filha a cargo e o enorme pesadelo do desemprego. Para quem já quase tudo teve, neste nada, a M. é o meu tudo.

Este é o cenário.

Mas porque terá sempre que acabar a fase dos sonhos, ilusões e da paixão? Porque não podemos nos trinta, e em todas as fases da nossa vida, estar embebidos deste espírito? Porque é que as nossas opções válidas num certo período da nossa vida, deixam de fazer sentido noutro? E porque, com isto tudo, sentimos que falhamos?

Refazer a vida, começando pelas pequenas coisas, entre elas a liberdade, um novo trabalho, uma nova cidade, dando oportunidade de conhecer novas pessoas não é tarefa fácil e, quando acontece, sentimo-nos estranhos, desajustados. Tanto tempo feitos às mesmas rotinas, aos velhos hábitos, às mesmas conversas de sempre, aos lugares tão comuns e que já considerávamos nossos, torna-nos mais vulneráveis e faz-nos vacilar.
 
Irremediavelmente um refazer a vida leva-nos de novo à estaca zero, ponto de partida recheado de lágrimas, insegurança, desgosto e acompanhado ainda, de uma casa e uma cama vazia.

A este nível deveríamos ser todos seres materiais, fechar para obras e balanço e com isso, fazer a retrospectiva da nossa vida.
 
Acredito que todas as experiências vivenciadas tornam os nossos balanços positivos pelas aprendizagens que delas se retiram. No entanto, triste será constatar que deixamos de fora grandes sonhos e os trinta já não nos deixam embarcar em grandes aventuras.
 
 
 
Por outro lado, encontrar alguém em casa e uma felicidade simulada não será mais válido do que todos os sonhos já perdidos e uma felicidade que dificilmente será alcançada neste cenário atual?já

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Fugir ou ficar. Eis a questão.

É certo que os problemas, a crise, o dinheiro, a incerteza, tudo isso desperta em nós o sentimento de fuga e um desejo infantil de mudar de vida, assim, de um momento para o outro.

Em adultos deslumbramo-nos com as histórias de quem teve a coragem de sair daqui, de quem teve coragem de ir à luta. É certo que também tenho esses dias, esse desejo, ou até essa admiração, por quem já fez mais que eu. Porém, noutros dias, acho que ter coragem será ficar e lutar num país, ou até mesmo numa cidade resignada, parada, morta. Haverá maior luta que essa?

Fugir, quando se tem pouco, talvez não custe tanto. A bagagem e as saudades não pesam nos muitos quilómetros a fazer. Fugir, quando se tem ou se teve muito, faz sempre pensar naquilo que fica e num possível fracasso dessa fuga. Foge-se por um ideal, por um objetivo, por uma ambição, por um ser maior que nós próprios, por uma falta de identificação com um país que nada faz pelo orgulho nacional e pelas suas gentes.

Fugimos, sempre, para mudar de vida. Para conquistar uma qualidade que a torne melhor, seja o amor que descobrimos noutra parte do mundo, do país, a oportunidade da carreira de sucesso, o desejo de nos tornarmos cidadãos do mundo, a incapacidade de assentar num só local.

Fugir é raramente altruísta, porque antes de fugirmos de alguma coisa, estamos tantas vezes apenas a fugir de nós.
 
 
 
 
Ainda assim, a fuga dos outros, faz-me pensar se tenho essa capacidade e esse espírito, ou se fui feita para ficar.
 
 

 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pequenos desabafos #5


Tenho saudades tuas, saudades dos teus olhos em mim. Saudades do teu sorriso e do aconchego dos teus braços. Da tua voz e de tudo aquilo que de bom dissemos um ao outro.

Hoje vivo com a tua ausência, com o teu silêncio e com a minha revolta.

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.
E nunca será o tempo que vai curar a ausência."







Tenho saudades tuas.



Que futuro?

Perante esta maldita crise e o futuro incerto que a mesma acarreta estamos constantemente a mudar de opinião. Dou por mim a idealizar um projeto quando no dia seguinte deixa de ter sentido. Acredito, deixo de acreditar, iludo-me, apercebo-me na realidade. Desconfio, sempre, pois ninguém sabe como será o futuro, porque não há planos concretos de crescimento, porque nada nos garante que as coisas vão melhorar.

Com isto tudo dou por mim a tornar-me mais exigente e intransigente do que nunca. Numa altura de crise gravíssima como a que estamos a viver, indigno-me ainda mais perante a corrupção, a injustiça, a falta de valores.

Quero acreditar que todos os sacrifícios e mudanças terão um sentido válido e construtivo. Quero acreditar que daqui a uns anos olharei para trás e vejo que esta crise foi uma oportunidade para aprender e evoluir.
 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Amores impossíveis

Quantos de nós não terá uma história de um amor ou até, de uma paixão impossível? Todos nós, mesmo os mais insensatos de coração terão uma história de natureza muito diversa. Desde a nossa entrada no mundo das paixões, dos amores que dão cor à nossa vida, todos temos uma história que não seguiu em frente.
A este propósito lia há dias, um pequeno texto sobre um exemplo de amores impossíveis. Amores incapazes de ultrapassar a fronteira… do casamento. De facto, dificilmente uma relação sem prazo, sem compromisso, sem “nada em concreto”, sem garantias de eternidade, se torna uma relação completa, apenas se tornará, com toda a certeza, num encontro de corpos com almas depositadas noutros espaços, bem mais seguros, estáveis, socialmente aceites e moralmente inatacáveis.

“Aconteça o que acontecer, sempre gostarei de ti”. É uma espécie de missão impossível, compreender racionalmente o que é irracional numa relação amantizada. Reinará a irracionalidade do amor impossível, até surgirem os primeiros laivos de racionalidade, até então o tempo escorre sem compromissos, com “calma e tranquilidade” que nenhum amor, nenhuma relação estável e solidamente construída, algum dia se atreverá a ter. A clandestinidade é a sua força e, no seu oposto, a sua fragilidade, acompanhada de um conjunto de transgressões dignas de qualquer adolescente, mas carregadas de adrenalina e simbolismo na altura em que são vividas.

Com isto, o tempo vai lentamente matando os amores impossíveis. As mágoas de quem se sente incapaz de mudar mas que continua a prometer uma relação normal, como amuos, desconfianças e juras de amor eterno, de acordar lado a lado, mesmo ambos sabendo, desde o início, que o fim acabará por surgir, por vontade própria ou por assalto de quem se sente enganado.
 
Ficarão as memórias, as boas memórias, as lealdades de quem viveu escondido, os segredos só conhecidos por quem os viveu, as dúvidas sobre o futuro, a ficção da felicidade.

 
 
 
 Inspiração retirada de uma crónica do Psiquiatra, José Gameiro, in Expresso – Revista.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Programa Novas Oportunidades: o fim... há muito anunciado.

Como já aqui tinha referido, o novo ano arrastou-me pela primeira vez para o desemprego. Após algumas semanas de inatividade laboral, voltei novamente, até finais de março de 2013 ao centro Novas Oportunidades onde trabalhei nos últimos cinco anos... para o fechar de vez. É com melancolia, saudade e tristeza que vejo tudo terminar de uma forma tão inglória.
 
De facto, o fim das Novas Oportunidades, há muito estava anunciado. Relembremos as declarações de Passos Coelho aquando da campanha, classificando o programa como «um escândalo» ou «uma credenciação à ignorância». O atual PM anunciou nessa mesma ocasião que, se formasse executivo, instauraria uma auditoria externa à iniciativa lançada pelos governos socialistas.
 
Nada mais absurdo. O cúmulo é falar-se sem saber. Aliás, Pedro Passos Coelho, à semelhança de muitos comentadores políticos que pautam o panorama nacional não têm conhecimento de causa. Limitam-se a analisar a questão e retirar as suas próprias ilações. Sem conhecimento de causa. Sem saber na realidade como as coisas são no terreno. Mas não. O importante é quebrar com ideologias passadas, quebrar um ciclo associado a Sócrates e ao governo Socialista, sem analisar os estudos independentes da Universidade Católica que já existiam.
 
Por isso, desde o ínicio, que sempre se associou a vitória da maioria PSD/CDS ao fim deste programa. No entanto, para não serem alvo de críticas e para não terminarem de rompante como era sua intenção, Pedro Passos Coelho e o seu executivo decidiram pedir uma avaliação aos centros Novas Oportunidades, afirmando por essa altura que a tomada de decisão estaria dependente do resultado da avaliação.
 
Tal estudo, encomendado à medida ao Instituto Superior Técnico (não percebo porque não terá sido à Lusófona), concluiu aquilo que este executivo queria que se concluisse: que os processos RVCC só tiveram impacto significativo no aumento da probabilidade de emprego para um desempregado quando se trataram de RVCC Profissional ou quando estivessem associados a Formações Modulares Certificadas. Neste último caso, o efeito era mais significativo em adultos com baixas qualificações (1.º ao 3.º ciclo). Por outro lado, referia que o impato dos processos RVCC sobre as remunerações é praticamente nulo.  Referia ainda que o impato do processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) nas condições de emprego e remuneração "é muito reduzido".
 
Pergunto eu - porque julgo que por vezes deverei ser demasiado ignorante - não estamos nós a atravessar uma crise económica??!? Avaliar um programa à luz daquilo que mais quebras tem sofrido na nossa sociedade: salário e emprego?? Porque não avaliam por isso as Universidade e Politécnicos deste país que licenciam todos os anos centenas de jovens e adultos e que em nada influencia a sua condição? Muito pelo contrário, o desemprego dos jovens licenciados nunca apresentou taxas de desemprego tão altas! Iremos também fechar essas instituições de ensino superior?!
 
Não. Interessar fechar tudo aquilo que representam ideologias passadas e ponto final.
 
O processo RVCC, mais especificamente, permitia que adultos, maiores de 18 anos pudessem ver as suas experiências de vida, por vezes tão vasta e rica, à luz de um referencial de competências-chave certificadas, obtendo com isso uma equivalência escolar. Não era um certificado dado. Muito pelo contrário, muitos eram aqueles que não detinham experiências de vida que fossem ao encontro daquilo que era exigido e por isso obtinham a certificação parcial, necessitando para isso a frequência em diversas formações de forma a obter a certificação total que lhes permitia nesse caso a obtenção de um nível escolar de 4º, 6º, 9º ou 12º ano. Mas também, muitos foram aqueles que fizeram jus ao célebre ditado: "Não há melhor escola, que a escola da vida".
 
Terei saudades das pessoas que conheci ao longo destes anos, terei saudades daquilo que me enriqueceu enquanto pessoa e enquanto profissional, das histórias de vida, ora tristes, ora bem felizes que conheci.
 
As Novas Oportunidades foram de facto para mim, uma grande escola. E como tudo o que se torna grandioso na vida de cada um... terá sempre um lugar no coração.
 
E sim, agora é de vez! Estou desempregada! Obrigada Nuno Crato e Passos Coelho. Vou procurar a minha "janela de oportunidade".
 
 


 

terça-feira, 19 de março de 2013

Os homens da minha vida


Neste dia, em que os nossos pais são protagonistas, não consigo dissociar este dia ao significado que o meu avô/padrinho teve na minha vida. É com especial carinho que me lembro das suas palavras sempre tão sábias, da calma e da segurança que transparecia. Por ele tenho um amor incontrolável e maior que todos os oceanos. Hoje sinto especialmente a sua falta….
 
O meu pai, que desejo que seja eterno e com quem quero continuar a partilhar a minha vida.
 
Neste dia, não consigo deixar de pensar nestes dois homens. Ambos, meus pais, cada um com o seu papel e com o seu espaço no meu coração, ficarão para sempre ligados a mim, através de recordações, memórias, palavras, conselhos e... um ADN.
 
Porque hoje olho para a minha filha e sei que aquela alegria, aquela felicidade genuína e pura que ela sente quando está com o avô e com o pai, é a mesma que eu sentia quando descobria o mundo pelas mãos dos dois homens, para sempre, mais importantes da minha vida.
 
A eles, os dois, e ao pai da minha filha, dedico este post de hoje.

 
Feliz dia do Pai!